quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Nosso Lar - Dir. Wagner de Assis – Renato Pietro, Fernando Alves Pinto, Rosane Mulholland - 2010


Ao falecer, André Luiz acorda na região chamada Umbral, e após sofrer por conta de seus pecados, é levado à cidade espiritual Nosso Lar, onde aprende sobre o real sentido da vida e sua missão na Terra.

O espiritismo anda sendo tema desde novelas da Globo, passando pelo longa Chico Xavier e indo até Hollywood, no filme HereAfter, de Clint Eastwood, com lançamento previsto para outubro na terra do Tio Sam. Nosso Lar é baseado no livro de mesmo nome, de autoria atribuída ao espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier. O filme é leve, com uma história com muitas mensagens "do bem" e com poucos momentos de tensão, sendo que talvez o maior deles seja nos primeiros quinze minutos de filme. A partir daí o filme se torna um relato que beira o documental, sobre a religião espírita e seus conceitos, onde cada ação do personagem principal leva a algum tipo de lição, e para aqueles que não seguem o espiritismo, isso talvez torne o filme um pouco cansativo. Mesmo sem ler o livro, o espectador fica com impressão de que a história foi condensada, já que a evolução do personagem acontece muito rapidamente, e a explicação sobre a cidade Nosso Lar ocorre de forma rápida e confunde um pouco os leigos no assunto. Do ponto de vista técnico, a qualidade dos efeitos e algumas interpretações lembram aqueles filmes americanos "feitos para televisão" (lê-se baixo orçamento, para os padrões americanos). Nada chega a ser ruim, mas alguns efeitos e algumas interpretações poderiam ser melhores. No mais, Nosso Lar é um filme que pode ser muito interessante e uma boa experiência para o espectador aberto ao que ele tem a oferecer.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Zona Verde (The Green Zone) - Dir. Paul Greengrass – Matt Damon, Greg Kinnear, Brendan Gleeson - 2010


O capitão de uma unidade de busca de armas químicas do exército americano começa a desconfiar de suas missões no Iraque, já que continuamente é mandado a lugares sem nenhuma evidência de ameaças biológicas ou químicas. Ao acidentalmente encontrar um general procurado por sua participação o no regime de Saddam Hussein, ele acaba descobrindo uma grande conspiração.

A guerra dos Estados Unidos com Oriente Médio, (no Kuait contra o Iraque nos anos 90, Iraque agora, Afeganistão e sabe-se quem mais nos próximos anos) tem suprido Hollywood com uma grande variedade de filmes de guerra. Assim como aconteceu na época do Vietnã, os filmes dividem-se em várias linhas, das quais: Filmes sobre o heroísmo americano diante da ameaça e da bravura e nobreza de seu exército, filmes que seguem a linha mais realista e retratam o que acontece no campo de batalha e a vida dos soldados, sem evidenciar abertamente nenhuma ideologia, e filmes que atacam o próprio governo americano, suas políticas e suas atitudes. Tenho certeza de que todos conseguimos pensar em exemplos para cada uma dessas linhas, e as vezes alguns filmes se embaralham entre elas. O longa Zona Verde segue a linha da crítica ao governo, principalmente na questão da busca por armas químicas no Iraque, anunciada como razão para a invasão do Iraque. O filme tem uma boa dose de ação, um pouco de teorias conspiratórias (reais ou não, não entrarei nessa discussão), e tem tudo que um filme de guerra atual deve ter. Apesar de olharmos para o Matt Damon e vermos o Jason Bourne, os personagens são diferentes, e Damon cumpre bem seu papel. No final, Zona Verde é um bom filme interessante, que prende bem a atenção tem uma boa história, mas soa um pouco "mais do mesmo".

sábado, 11 de setembro de 2010

Karate Kid - Dir. Harald Zwart – Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson - 2010

Filme baseado no longa homônimo de 1984, conta a história de Dre Parker (Smith), um garoto de 12 anos que é obrigado a mudar para a China devido ao trabalho de sua mãe. Na China, Dre tem problemas para se adaptar e acaba arranjando problemas com seus colegas de colégio, e encontra no Kung Fu ensinado por Mr. Han (Chan), o zelador de seu prédio, uma forma de lidar com seus problemas.

Em 1984, a primeira versão de Karate Kid, com o icônico Sr. Miyagi e Daniel, seu aprendiz, fez muito sucesso, e até hoje a forma pouco ortodoxa de treinamento do Sr. Miyagi ainda rende piadas para quem lembra do filme. Essa nova versão muda um pouco o contexto da história, mas segue os mesmos moldes do filme original, com algumas diferenças. A primeira e mais gritante, é que o filme se passa na China, e a arte marcial usada é o kung fu, não justificando assim o nome do filme. Além disso, enquanto alguns fãs do antigo filme possam julgar essa nova versão meio boba, ela é claramente voltada para o público infantil ou adolescente, os personagens são mais jovens e a história é mais inocente. Mas Karate Kid é um filme divertido, com diversas mensagens "do bem" e alguns momentos interessantes onde é retratada a cultura e a vida contemporânea chinesa. No mais, o longa tem uma boa história, recheada de humor inocente e cenas de luta bem coreografadas (e sem um pingo de sangue) que vão divertir o público alvo, e fazer algumas crianças pedirem para os pais os levarem para aulas de Kung Fu.

Chico Xavier - Dir. Daniel Filho – Nelson Xavier, Angelo Antônio, Matheus Costa, Tony Ramos, Christiane Torloni - 2010

Chico Xavier é um filme importante e de muito peso, porque vai além das telas e mexe com algo muito presente na cultura brasileira: a fé. A história de Chico Xavier se mistura com a história do espiritismo no Brasil, e falar sobre ele é falar da crença de milhões de brasileiros. Por isso não vou escrever sobre suas ações, seus livros, sobre seu valor como pessoa e como líder espiritual. Vou falar apenas sobre o filme e sobre o que ele trasmite, já que é essa a idéia desse blog. Deixarei de lado as questões religiosas, pois isso cabe a cada um avaliar, de acordo com seus conceitos e suas crenças e sua fé.

Chico Xavier é um longa dirigido pelo Daniel Filho, e com ele vem junto todo o padrão Globo, um excelente elenco, uma boa direção de fotografia, boas locações. Mas o filme vai além disso. Daniel Filho resolve contar a história inicial a partir do ponto de vista do próprio Chico, com seus dramas de uma infância recheada de tristeza pela falta da mãe, e do medo das reações que suas visões causavam nas pessoas ao seu redor. Além disso, Daniel Filho mescla a vida pessoal de Chico com cenas de um programa de televisão em que Chico foi entrevistado e expôs suas ideias, quando já havia escrito diversos livros e já possuia fama mundial. Assim, o longa mostra uma pessoa que conseguiu superar seus medos e sua solidão atravez do altruísmo, da ajuda aos necessitados para se tornar um símbolo de uma religião e de uma cultura. Os atores que representão as fases da vida de Chico fazem um excelente trabalho, e são tão bem caracterizados, que a passagem de tempo ocorre de maneira natural. O fato de o personagem principal receber visitas de espíritos poderia gerar abusos nos efeitos especiais e no sensacionalismo, mas o diretor faz a acertada escolha de abordar essa questão de uma forma sutil e orgânica, tornando-a aceitável e leve. Assim, longa Chico Xavier é muito bem-feito, e transmite uma mensagem de bondade e de altruísmo que transcende a barreira das religiões e o torna um bom filme para qualquer um.

Um Sonho Possível (The Blind Side) - Dir. John Lee Hancock – Sandra Bullock, Quinton Aaron, Tim McGraw - 2009

Longa que conta a história real de Michael Oher, um adolescente americano negro de origem sofrida e humilde, que é acolhido por uma família branca da alta sociedade de Memphis, e graças a ajuda de sua nova mãe, começa a jogar futebol americano, onde é descoberto como grande destaque.

Sandra Bullock recebeu o Oscar por sua atuação em Um Sonho Possível ao viver Leigh Anne Tuohy, uma rica mãe de família de Memphis que se comove com a situação de Michael Oher e o acolhe em sua família. No início do ano Michael Oher deu uma entrevista falando sobre o filme, e disse: "É um bom filme, mas não retrata tudo fielmente, é Hollywood." De fato, em alguns momentos, é realmente difícil acreditar na forma como as coisas acontecem. Não estou tirando o mérito da Sra. Tuohy da vida real, mas sua personagem no filme é tão corajosa e tão decidida que as vezes chega a ser inverossímil. O longa pincela questões sobre preconceito e oportunidade, mas não se aprofunda em nenhuma delas. Assim, Um Sonho Possível, deixa a impressão de que retrata um história "filtrada", onde acaba faltando um pouco de drama, já que é difícil acreditar que uma história como essa, na vida real, tenha ocorrido de maneira tão tranquila. No final, podemos falar que Um Sonho Possível mostra uma lição de vida? Sim, podemos, mas também acredito nas palavras do Sr. Oher da vida real: "É um bom filme, mas não retrata tudo fielmente, é Hollywood."

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Estão Todos Bem (Everybody's Fine) - Dir. Kirk Jones – Robert De Niro, Sam Rockwell, Kate Backinsale, Drew Barrymore – 2009

Frank Goode (De Niro) vive sozinho há oito meses após a morte de sua esposa. Após uma tentativa frustrada de reunir seus quatro filhos em um churrasco, resolve fazer uma surpresa e visitá-los um a um, em diferentes cidades dos Estados Unidos.

Estão Todos Bem aborda a questão das relações de uma família onde o pai detém a figura severa e provedora, e acaba criando uma distância entre os filhos, devido a sua postura rígida e às suas cobranças. Após a morte de sua esposa, perde o contato com os filhos, já que nunca conseguiu atingir um grau de afinidade com eles. Insatisfeito com essa distância, ele inicia uma jornada em busca se suas crianças, como ele mesmo as chama, e acaba aos poucos os descobrindo como adultos, com problemas e questões complexas como qualquer outro adulto, e que ele como pai, não consegue resolver. Esses problemas acabam colocando o personagem principal em dúvida sobre o seu sucesso como pai, já que nenhum de seus filhos conseguiu corresponder ao seu conceito pessoal de sucesso e felicidade, mas nem por isso são infelizes. Estão Todos Bem marca uma investida de Robert De Niro no drama, gênero do qual ele andava meio distante, e no qual ele consegue colocar uma carga emocional em seu personagem que lembra porque é um ator tão premiado. O longa é conduzido de forma muito competente pelo diretor Kirk Jones, que apesar da falta de experiência, consegue entregar uma obra bem feita e convincente, abordando a busca por redenção do personagem principal de uma forma emocionante e comovente, sem apelar para o drama barato. Estão Todos Bem é um filme despretensioso, bem dirigido e bem interpretado, tornando-se uma ótima opção.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerer's Apprentice) - Dir. Jon Turteltaub – Nicolas Cage, Jay Baruchel, Alfred Molina – 2010

Balthazar sai em busca de um aprendiz depois da morte de Merlin, seu antigo mestre, e após mil anos, encontra Dave, um tímido rapaz em Nova Iorque que pode ser seu sucessor. Balthazar precisa então ensinar rapidamente Dave a usar seus poderes, para poder contar com sua ajuda na batalha contra Hovarth, seu inimígo, que destruir o mundo.

Aprendiz de Feiticeiro é um clássico filme da Disney, com sua história e seus personagens repletos de todos aqueles clichês tão comuns nos filmes da marca. Tem o menino tímido e excluído, mas repleto de bondade e de um grande poder que nem imagina, tem o velho guerreiro que busca um aprendiz para uma importante tarefa, tem a menina mais bonita da classe que ri do garoto timido, tem até uma pequena paródia do clássico Fantasia, e lógicamente, tem o maléfico vilão que quer destruir o mundo. A mistura de tudo isso resulta em um filme cheio de lições de moral políticamente corretas , e completamente previsível. Tudo isso não faz de Aprendiz de Feiticeiro um filme ruim, deixa-o apenas dispesável. Provavelmente as crianças que gostam de histórias de magia e finais felizes vão gostar do filme, e talvez seja só esse o objetivo da produção.