quinta-feira, 2 de abril de 2009

Gran Torino - Dir. Clint Eastwood – Com: Clint Eastwood, Bee Vang, Ahney Her - 2009


Clint Eastwood já é uma figura emblemática em Hollywood há anos, capaz de montar uma cara de poucos amigos como ninguém, atuou alguns filmes excelentes, outros de qualidade questionável, dirigiu um Cadillac cor-de-rosa, contracenou com um macaco, interpretou cowboy em filme italiano, interpretou cowboy americano mesmo, tanto do espaço, como daqueles do velho oeste atormentados pelo passado, evitou que um cara fosse para a cadeira elétrica, ensinou uma garçonete a lutar boxe, foi policial, foi ladrão, fugiu de Alcatraz… Mas em quase todos esses filmes, alguns dirigidos por ele próprio e premiados com o Oscar, ele mantinha a sua principal característica como ator: uma carranca daquelas que fazem criancinhas caírem e prantos e correrem para os pais. Tanto que foi um dos primeiros “policiais-durões-que-não-seguem-as-regras-e-atiram-primeiro-e-perguntam-depois” do cinema, tipo que se tornou clichê nos anos oitenta.

Em Gran Torino, Clint usa e abusa dessa carranca, chegando a rosnar em alguns momentos, já que seu personagem é um recém enviuvado ex-combatente da guerra da Coreia, que vive em um bairro que se tornou refúgio de imigrantes asiáticos. E nesse filme lemos toda a história destes personagens mal-humorados que Eastwood interpretou durante a carreira escondidos sob a face do veterano de guerra Walt, que não atura seus filhos, seus netos, seus vizinhos, o padre da região, ninguém… Mas no fundo é bonzinho e acaba ajudando seus vizinhos a lidar com uma gangue local. O interessante é ver como Eastwood usa esse filme para encerrar esse personagem durão, expiando seus pecados e engolindo seus antigos preconceitos diante de uma realidade muito diferente daquela de seus filmes anteriores, numa América de crise, carros japoneses, Obama. Este, que é seu ultimo trabalho como ator, fecha esse ciclo, com tiros? Alguns. Armas? Algumas de mentira, outras nem tanto, mas principalmente, com redenção, onde o peso de suas ações trazem consequências reais. Toda essa carga, somada ao seu já premiado talento como diretor, resultam em uma obra fantástica, uma das melhores de sua carreira.

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