domingo, 15 de agosto de 2010

O Bem Amado - Dir. Guel Arraes – Marco Nanini, José Wilker, Caio Blat, Matheus Nachtergaele – 2009


O político Odorico Paraguaçu assume a prefeitura de Sucupira usando como base de sua campanha a promessa da construção de um cemitério, e após a conclusão da superfaturada obra, começa a buscar um defunto para inauguração, enquanto lida com a oposição do jornal local.

O Bem Amado, de Dias Gomes foi ao ar na década de 70, como a primeira novela a cores da televisão brasileira. Na produção, o papel principal era vivido por Paulo Gracindo. A história, que voltou como série televisiva na década de 80 e ficou quatro anos no ar tinha um contexto político muito importante quando foi lançada, e talvez isso tenha contribuído de forma positiva para seu sucesso na época. Na adaptação de Guel Arraes para o cinema, quem vive Odorico Paraguaçu é Marco Nanini, que assim como todo o elenco, tem uma atuação competente, mas um pouco teatral demais, à exceção de José Wilker, está excelente na pele do pistoleiro Zeca Diabo. Mas a atuação não salva o filme. Apesar de muito bem executado, O Bem Amado é um filme que cansa o espectador. Os diálogos são criativos e bem escritos, mas excessivos, tornado o filme muito “falado”, e após um tempo, as expressões peculiares que a princípio são divertidas, principalmente nos discursos de Odorico, aparecem com tanta freqüência que perdem o valor cômico e tornam-se repetitivas, e em alguns casos, difíceis de entender. E assim, passada a primeira hora de filme, temos a impressão que O Bem Amado é um filme onde nada acontece. São muitos personagens interessantes e capazes de serem explorados, mas a maioria é tratada de forma superficial e se torna dispensável. Quando é apresentada, por exemplo, a história de amor entre o personagem de Caio Blat e a filha de Odorico, vivida por Maria Flor, surge a esperança de que o filme “se movimente” pela possibilidade de conflito que a situação propõe, mas a história é praticamente deixada de lado e não interfere na trama em nenhum momento, podendo ser até excluída do filme sem nenhum dano a narrativa. O Bem Amado é um filme bem feito, sobre uma história que já se mostrou boa, mas que ao ser passada para o cinema, tornou-se cansativa e lenta. Talvez tenha sido mal adaptada, talvez tenha apenas envelhecido, o fato é que ela não sustenta, da forma como foi apresentada, as duas horas de filme.

Um comentário:

  1. ....e pensar q. era assistido diariamente por quase uma hora!!!

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